Realizado em 27/10/2018, o III Simpósio de Psicologia e Reeducação da Consciência recebeu 61 participantes, sendo em grande parte, professores das escolas de Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e região, além de psicólogos, estudantes de psicologia e docentes de Conscienciologia, que participavam do Ciclo de Equalização Docente – EQD.
O evento foi aprovado no edital de Apoio a Eventos Científicos, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), que fornece passagens e hospedagem ao conferencista convidado, sendo nesta edição o professor Laênio Loche, psicólogo e voluntário da APEX – Associação Internacional de Programação Existencial.
O evento, em sua 3ª edição, inovou desta vez, iniciando com workshop no período da tarde e abrindo espaço para painéis temáticos, antes da conferência, realizada ao entardecer. O painel de Elena Bandeira, psicóloga e voluntária da ARACÊ teve destaque, chamando a atenção dos participantes.
A comissão organizadora acertou em cheio nas temáticas e no profissional convidado, visto que a casa estava cheia e os participantes encheram o conferencista com perguntas. Entre os assuntos abordados, eis a seguir um apanhado, registrado aqui a título de aperitivo mentalsomático:
Como fazer o aluno aprender pensando? A palavra chave é motivação, que tem relação direta com a aprendizagem. Para promover a reflexão dos participantes com o tema proposto, o professor Laênio Loche lançou mão da seguinte questão: qual seria o papel do professor nesse contexto? Apesar das mudanças ocorridas e de não ser mais o único provedor responsável pelo conhecimento, o professor continua tendo papel central nos seguintes aspectos: Provedor, Legitimador e Arquiteto do conhecimento. Sinalizou a seguinte proposta: o professor é motivador da aprendizagem.
Loche apresentou algumas teorias tradicionais da motivação, tais como Maslow e a hierarquia das necessidades e Herzberg (fatores higiênicos e fatores motivacionais), mas se ateve mais ao modelo ARCS educacional de John Keller, aplicada diretamente ao contexto motivacional na educação. As siglas do modelo ARCS significam respectivamente:
Atenção, Relevância, Confiança e Satisfação.
Dando como exemplo a aplicabilidade do modelo ARCS, discutiu inicialmente a questão de como manter a Atenção. Primeiro item motivacional do modelo proposto por John Keller. Algumas sugestões foram: curiosidade, novidades, inusitado, exemplos pessoais, pergunta-questionamentos, desafios, conflitos cognitivos, incongruência, humor, aprendizagem participativa e colaboração interpares.
Para demonstrar como é possível iniciar uma aula exemplificando o tema personalidade, professor Loche utilizou da problematização junto aos participantes do Workshop, lançando mão de algumas perguntas que foram respondidas pelos participantes, tais como: Todo mundo é igual ou diferente? Se todo mundo é diferente, com posso estabelecer conhecimentos que sirvam para todos? Se todo mundo é igual, como sei que fulano é fulano e não beltrano? O que é personalidade? Quem é você? As perguntas foram lançadas uma a uma e à medida que os participantes iam respondendo, começaram a ser feitas as primeiras construções do conceito de personalidade.
Dando sequência, foi demonstrado como trabalhar com curiosidades, novidade, com o inusitado. Utilizou para isso notícias de jornal que falavam sobre personalidade, despertando a curiosidade dos ouvintes, tal como poderia acontecer em sala de aula de ensino tradicional.
O conferencista também falou da importância na variação da utilização dos meios, recursos e formas e citou alguns exemplos para motivar, tais como: som, fotografia, música, humor, filmes, experimentos, entre outros.
Para finalizar, trouxe para a discussão a necessidade de engajamento e que o papel do professor precisa fazer sentido em sua vida ou ter senso de propósito. Citou o psicólogo Viktor Frankl e o sentido da vida. Concluiu o workshop com a seguinte frase: Para se motivar e se engajar pense: qual a finalidade de sua vida?
Após o intervalo, o professor Laênio Loche abriu a discussão sobre o tema da conferência: Pensamento Crítico, explorando o contexto que vivenciamos na era da informação e do conhecimento e apontando 3 aspectos: crescimento exponencial do conhecimento; economia pós-industrial; e megacomunicação.
Destacou o que alguns autores chamam de Era da “cegueira por excesso de informação”. Nesse contexto, tanto a pouca informação, quanto o excesso de informação dificultam a compreensão da realidade. A tecnologia se limita ao armazenamento e a transmissão, porém não promove a compreensão: esta última é exclusiva do indivíduo.
Na era da informação, qual seria então o atributo que permite discernir o que é fato ou não? O pensamento crítico, mais do que nunca necessário no mundo atual. O pensamento crítico propicia uma pessoa admitir ou não a informação, levando a três tipos de posicionamentos:
a) concordar,
b) discordar,
c) suspender o juízo temporariamente.
O palestrante destacou alguns tipos de aplicações de suma importância para o pensamento crítico:
a) Ter maior autonomia: decidir por si mesmo o que deve ou não fazer, saber consumir de modo mais consciente, e como estratégia de cidadania.
b) Como desenvolver o pensamento crítico.
c) A importância do desenvolvimento de habilidades cognitivas para a aplicação do pensamento crítico, entre as quais: analisar, avaliar, classificar, comparar, definir, descrever, exemplificar, explicar, interpretar, sintetizar, argumentar e criticar – para contextualizar a prática do desenvolvimento das habilidades cognitivas o palestrante destacou que no processo inicial de uma simples definição de lápis, por exemplo, podemos
exercitar o pensamento crítico, através das habilidades cognitivas, sendo necessário para tal, identificar as características essenciais e acidentais para se chegar a uma definição clara e precisa de algo;
d) Importância da independência intelectual ou pensamento próprio, propiciado pelo uso do pensamento crítico, enfatizando o tema com frases célebres relacionadas, tais como: “Onde todos pensam do mesmo jeito ninguém pensa” (Walter Lippman); “A pior prisão é a da própria mente” (Lílian Quédima); “O mais corajoso dos atos é pensar com a própria cabeça” (Coco Chanel). Finalizou destacando que o livre pensador tem autonomia intelectual.
O IV Simpósio de Psicologia e Reeducação da Consciência está programado para acontecer dia 26 de outubro de 2019. Interessados em saber mais podem entrar em contato com eventos@arace.org.